Dr. Arthur Vicentini

O que é a Tireoidectomia?

Atualizado em: 05/02/2024
Tempo de leitura: 7 minutos
A tireoidectomia é uma forma de tratamento cirúrgico em que é feita a retirada total ou parcial da tireoide, tendo em cada um dos casos uma indicação diferente.
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Neste post, vamos explicar tudo sobre a tireoidectomia, desde o que é, os tipos de tireoidectomia, suas indicações, seus riscos, o pós e o pré-operatório e os cuidados a serem tomados. Confira!

Glândula Tireoide

A tireoide é uma glândula endócrina que fica na parte central do pescoço e que produz uma série de hormônios, como T3, T4, T4 livre e outros hormônios que regulam a velocidade do funcionamento do nosso organismo.

O que é a Tireoidectomia?

A tireoidectomia é o procedimento cirúrgico de retirada da tireoide, podendo ser parcial ou total.

Antigamente, fazia-se um procedimento chamado nodulectomia, em que era retirado unicamente o nódulo da tireoide, somente o carocinho que tinha aparecido, sendo ele maligno ou benigno, porém, hoje em dia já se sabe que não se deve fazer só a retirada dos nódulos, porque isso faz com que haja mais sangramento, já que a gente tem a manipulação de estruturas nobres e isso pode trazer repercussões que não são as mais positivas para os pacientes. Então, quando é proposto fazer uma cirurgia de tireoide, é feito o processo de retirada de metade da tireoide ou dela inteira.

Tireoidectomia total

A tireoidectomia total, é um procedimento que é indicado em casos que:

  • O paciente tem nódulos dos dois lados;
  • O tumor é maligno e pode precisar de tratamento complementar com iodo, por exemplo;
  • O paciente tem um tumor maligno mais agressivo, em que a tireoide está trabalhando de forma inadequada (hipertireoidismo).

Essas são algumas das indicações de tireoidectomia total. Existem, claro, vários outros critérios, mas cada caso deve ser analisado de forma individual.

Tireoidectomia parcial

Em alguns casos, é possível fazer a tireoidectomia parcial, ela é indicada para pacientes que têm condições muito específicas, como:

  • Pacientes com nódulos pequenos e unilaterais, podendo ser maligno;
  • Pacientes com um ou mais nódulos de mesmo lado que não sejam malignos;
  • Pacientes que têm alguma disfunção (aumento de volume em um dos lados).

Apesar das indicações, é preciso pensar também nos benefícios e nos riscos relacionados aos dois tipos de cirurgia.

Riscos da tireoidectomia

Na tireoidectomia, a gente vai mexer em várias estruturas nobres da região do pescoço, como o nervo da voz (nervo laríngeo recorrente ou nervo laríngeo inferior) que passa logo atrás da tireoide; a glândula paratireóide, que são duas de cada lado na região posterior da tireoide e se mexer nas glândulas só de um lado, é um risco muito menor de causar um hipoparatireoidismo ou hipocalcemia; uma série de vasos sanguíneos que são super importantes, que são ramos de vasos importantes; então, a gente tem esses pontos positivos e negativos a respeito de cada uma das cirurgias que tem que ser ponderados.

Pré-operatório

O pré-operatório da tireoidectomia normalmente é feito de forma clínica, em que é feita toda uma avaliação por um médico especialista e eventualmente até por um clínico geral, um cardiologista e até outros especialistas quando o paciente tem alguma alteração base, e isso faz com que o paciente esteja mais preparado para a cirurgia.

A cirurgia normalmente é feita sob anestesia geral, num hospital de qualidade e com estrutura, que eventualmente tenha uma UTI para quando caso seja preciso mandar o paciente para lá, o que é muito raro, mas, pode ser que por condições clínicas o paciente tenha essa necessidade, então é importante ter essa estrutura.

Normalmente, de preparo específico para a cirurgia, é solicitado que o paciente fique em jejum por normalmente 8 horas (isso depende do protocolo de cada serviço); algumas medicações precisam ser mantidas e outras precisam ser suspensas, por isso a importância da avaliação clínica, para entender o risco e o benefício de manter e tirar algumas medicações; pacientes que usam barba ou alguma outra coisa que impeça a visualização do pescoço, seja um adorno, colar, piercing, pulseira ou brinco, é preciso retirá-los para não ter nenhum risco durante o procedimento.

É recomendado que o paciente chegue ao hospital ou na véspera ou algumas horas antes da cirurgia para poder fazer todo esse preparo e deixar tudo organizado e tranquilo antes de ir para o centro cirúrgico.

Busque um bom profissional

É importante que o cirurgia de cabeça e pescoço esteja bem treinado; tenha uma boa formação; tenha experiência; vivência; mantenha uma quantidade de cirurgias durante o mês ou o ano para manter uma habilidade e treinamento; dar muita atenção para as estruturas nobres que estão pelo pescoço.

Pós-operatório

Normalmente, o pós-operatório não é super complicado, a maioria das pessoas sente algum desconforto, dor e incômodo na região do pescoço principalmente nas primeiras horas e nos primeiros 2/3 dias, mas que com as medicações costuma ser bem controlado. Algumas medicações para dor, pastilhas para garganta e bolsinhas de gelo são recomendadas para que o paciente use, e normalmente os sintomas vão diminuindo rapidamente nos primeiros dias.

Alguns pacientes têm uma sensibilidade um pouco maior a dor, então apresentam um incômodo maior na garganta devido a própria intubação da anestesia geral, referem algum pigarro, um pouco de tosse, às vezes até com um pouquinho de secreção, mas normalmente esses sintomas regridem sozinhos.

Cuidados no pós-operatório

O que a gente precisa é que o paciente tome todos os cuidados pós-operatórios nesse período, então, manter um repouso relativo, não é para ficar deitado o dia inteiro na cama, mas também não é para o paciente fazer esforço físico, praticar exercícios, carregar peso ou pegar coisas pesadas no chão, porque isso causa um risco maior de sangramento, hemorragias e de hematomas que eventualmente podem até comprimir as estruturas do pescoço e dificultar a respiração, podendo levar ao óbito.

Outras coisas importantes são manter a higiene local, tomar bastante líquido, ter uma alimentação mais leve e evitar alimentação muito intensa e pesada, além de ficar sempre atento aos sintomas de possíveis complicações.

Complicações no pós-operatório

Além da hemorragia e dos hematomas, pode ocorrer ocorrer complicações como:

  • Abertura dos pontos;
  • Hipocalcemia, ou seja, alteração nos níveis de cálcio no corpo por conta da alteração das glândulas paratireóides, que pode levar a formigamentos, cãibras, contratura muscular e em casos mais graves, arritmia e outras situações mais complexas;
  • Alteração dos nervos da voz, devido a alguma lesão ou manipulação excessiva, que pode levar a disfunções da voz;
  • Alteração da deglutição;
  • As infecções são raras, pois essa normalmente é uma cirurgia limpa e que a chance é muito pequena, mas pode acontecer.

Reposição hormonal

Além dos cuidados gerais no pós-operatório, dos cuidados com feridas e com a cicatrização, também é importante ficar atento em relação à reposição hormonal.

A maioria dos pacientes quando fazem cirurgia parciais da tireoide, não precisam tomar hormônios porque aquele lado da tireoide que sobrou vai ser suficiente para produzir a quantidade adequada de hormônio, porém, alguns pacientes precisam sim de reposição hormonal, assim como aqueles que tiram a tireoide por completo com certeza vão precisar de reposição de levotiroxina, e de outros hormônios que a tireoide produzia e que agora não produz mais.

Alguns pacientes referem alterações de peso, algumas alterações de ritmo de vida e etc, mas isso normalmente se equilibra depois de algum tempo, só é preciso manter certinho as quantidades e níveis de hormônio que o paciente tem.

Lembrar que para pacientes que tiveram tumores malignos da tireoide, é importantíssimo manter um acompanhamento.

Quais as indicações de tireoidectomia?

Nós temos 5 indicações clássica de cirurgia de tireoide:

  • Pacientes com nódulos que são suspeitos ou confirmados de malignidade;
  • Pacientes que têm uma tireoide que funciona demais (hipertireoidismo) e que os outros tratamentos são não são possíveis ou não conseguiram surtir o efeito adequado;
  • Pacientes com nódulos muito grandes, com crescimento da tireoide como um todo, causando sintomas compressivos;
  • Indicação estética.

A indicação estética é relativa, depende muito do que o paciente nos conta, mas normalmente são pessoas mais magras, moças mais jovens que têm uma preocupação maior com a estética e podem ter essa necessidade por conta da percepção externa de que tem algum carocinho ali. Mas no geral, essas são as indicações e as necessidade de se fazer procedimentos relacionados à tireoide.

Quem tira a tireoide tem uma vida normal?

Sim, normalmente a maioria absoluta das pessoas que fazem a cirurgia de tireoide, depois do período de recuperação e de equilíbrio dos hormônios e etc, levam uma vida completamente normal, sem inferências. Somente em alguns casos é necessário o acompanhamento com o endocrinologista para fazer a reposição hormonal.

Muitas pessoas ficam com a cicatriz bem imperceptível, bem discreta. A gente toma todo um cuidado estético com a manipulação do pescoço, com os pontos que a gente dá, indica alguns cremes no pós-operatório, dá as orientações de proteção solar e tudo para que não se tenha uma impressão estética ruim e que não tenha uma alteração nesse sentido.

Técnicas de cirurgia

Existem algumas técnicas de cirurgia por outros acessos, como através da axila, da mama, pela região cervical posterior e o acesso por dentro da boca. Porém, hoje em dia aqui no Brasil, em 2023, a gente está com esse outros acessos feitos todos em caráter de pesquisa, em caráter experimental. Nenhum desses acessos está autorizado pelos órgãos reguladores.

Então, o acesso normal é com uma pequena incisão no pescoço, que é feita com bastante cuidado, com a preocupação estética para não trazer repercussão também.

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Dr. Arthur Vicentini da Costa Luiz

CRM-SP 154.086
Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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08:00 | 18/04/2024
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