Sumário
A traqueia é um órgão em formato de tubo que faz parte do sistema respiratório.
Ela faz a ligação da laringe com os brônquios, possibilitando que o ar chegue aos pulmões. Tem cerca de 10 a 12 cm de comprimento, sendo composta por anéis cartilaginosos incompletos (abertos na parte posterior, com uma região membranosa conectando as pontas).
Para que possamos respirar naturalmente é preciso que não haja nenhum tipo de problema ou obstrução da traqueia. Quando ocorrem reduções do calibre das vias aéreas superiores o obstrução completa, pode ser necessária a confecção de uma traqueostomia, procedimento em que se cria um fluxo alternativo do ar entre o ambiente e os pulmões, para que ocorram as trocas gasosas.
Mas em quais casos ela é realmente necessária?
Preparamos este artigo para explicar quais são as indicações da traqueostomia e de que maneira ela é feita.
Indicações da traqueostomia
A traqueostomia consiste na abertura cirúrgica da parede da traqueia, com possibilidade de passagem do ar entre o ambiente e os pulmões sem passar pelas vias aéreas superiores.
Na maioria dos casos, utiliza-se um dispositivo de metal ou de plástico para proteger e manter o orifício aberto, chamado de cânula de traqueostomia.
As principais indicações de traqueostomia são:
- quando as vias respiratórias estão obstruídas em função de tumores de boca, faringe e laringe;
- após a realização de cirurgias nas vias aéreas superiores, quando há risco de edema, sangramentos e obstruções;
- após traumas complexos da região da face e pescoço;
- em pacientes que permaneceram intubados por muitos dias (intubação prolongada);
- quando há parada cardíaca ou respiratória, na impossibilidade de intubação otoraqueal;
- malformações do trato aerodigestivo alto (principalmente na infância, durante a fase de desenvolvimento)
- em casos de insuficiência respiratória grave.
A traqueostomia pode ser temporária ou definitiva. No primeiro caso, o fator que levou à realização da traqueostomia é reversível, podendo a cânula ser retirada em tempo adequado e o orifício ocluído, até que se feche pela cicatrização dos tecidos.
Nos casos de traqueostomias definitivas, isso ocorre pela necessidade permanente de manter o trajeto do ar pela via alternativa criada, seja pela impossibilidade de tratamento da lesão inicial ou pela irreversibilidade da alteração anatômica criada pela doença/tratamento, como ocorre nas laringectomias totais.
Considerando o momento da traqueostomia, ela pode ser urgente, ou seja, quando em função de obstrução aguda do fluxo aéreo (como eu casos de trauma, tumores de crescimento progressivo e outras causas), com necessidade de reversão rápida da insuficiência respiratória; e pode ser eletiva, quando o paciente já está com a o fluxo respiratório seguro, porém alguma intervenção na via aérea se faz necessária.
Além das classificações como definitiva, temporária, urgente e eletiva, a traqueostomia também pode ser classificada em relação a sua finalidade, sendo:
Traqueostomia imperativa
Quando o procedimento assegura a manutenção das vias aéreas. Realizada em casos de tumor que obstrui a laringe, em quadros de estenose, infecções e edemas na glote.
Traqueostomia de proteção
Aqui a técnica visa complementar procedimentos, que podem ser endoscópicos ou cirúrgicos, mas que oferecem risco de obstruir as vias aéreas ou provocar dificuldade para respirar.
Traqueostomia paliativa
É realizada para promover um conforto respiratório maior para os pacientes, realizada naqueles em fase terminal e que não apresentam possibilidade de tratamento/cura.
Esse procedimento também possibilita fazer a retirada dos tubos que estão inseridos na traqueia, para que a respiração mecânica possa acontecer de uma forma menos invasiva. Traz mais conforto para o paciente e minimiza os riscos de pneumonia associada a ventilação mecânica.
Como a traqueostomia é realizada?
A traqueostomia é realizada por médico capacitado (Cirurgião de Cabeça e Pescoço, Cirurgião Geral, Otorrinolaringologista, Cirurgião Torácico) em ambiente hospitalar com o paciente sob anestesia local ou geral. Existem diversas técnicas para a confecção da traqueostomia, sendo as técnicas aberta e por punção as mais comuns.
Na técnica aberta, é feita uma pequena abertura na pele para expor a traqueia e seus anéis de cartilagem.
O cirurgião faz, então, uma abertura (que pode ser feita em diversos formatos, a depender do caso e da experiência da equipe) para que se comunique a luz da traqueia com o ambiente externo. É por essa abertura que se insere a cânula, que geralmente fica fixa ao pescoço através de um colar cervical ou com pontos.
Depois de realizado o procedimento, o cirurgião pode conectar os aparelhos de respiração na ponta da cânula e o paciente recebe nebulização para manter as vias aéreas úmidas, sem que o ar precise passar pela boca e a garganta, criando uma espécie de “atalho”.
No caso dos pacientes que fazem a traqueostomia temporária, quando ela já não é mais necessária é feito o processo de decanulação. A cânula utilizada é substituída por uma menor e assim são feitas as substituições sucessivas, até que não haja mais necessidade de manter o tubo. Com isso, o corte feito se fecha naturalmente e o ar volta a fluir pelo caminho normal.
Confira também, nosso vídeo sobre o tema:
Perceba que a traqueostomia ajuda a salvar vidas, mas são necessários diversos cuidados para garantir a saúde do paciente e evitar complicações, afinal ele fica mais suscetível a infecções pulmonares por ter menos proteção. Por isso, é muito importante seguir todas as recomendações do Cirurgião de Cabeça e Pescoço para dar suporte ao paciente traqueostomizado e garantir seu conforto e segurança.