Sumário
Os cuidados com a traqueostomia são fundamentais para evitar que o paciente desenvolva infecções, para garantir a boa oxigenação do organismo, prevenir o acúmulo de secreções e manter sua saúde e seu bem-estar enquanto usa a cânula.
A traqueostomia é um procedimento importante porque possibilita a respiração do paciente quando algo impede o fluxo normal do ar entre as vias aéreas superiores e os pulmões. Assim, ajuda a salvar a vida de muitas pessoas.
Essa técnica consiste em fazer uma pequena abertura, ou seja, um “estoma” na parede anterior da traqueia com comunicação para o pescoço. Com isso, é preciso adotar diversos cuidados para evitar que o paciente desenvolva algum problema decorrente dessa intervenção, como infecções, obstruções e sangramentos.
Neste artigo você confere quais são os principais cuidados com o paciente traqueostomizado, a fim de evitar as possíveis complicações. Acompanhe!
Quem precisa da traqueostomia?
Como explicamos na introdução, a traqueostomia é realizada com o intuito de criar um tipo de atalho para possibilitar a respiração do paciente. Ela é indicada, por exemplo, para pessoas com tumores localizados nas vias aéreas superiores, que obstruem a faringe e/ou a laringe.
Também para aqueles que apresentam malformações das vias respiratórias, ou em emergências que causam uma obstrução aguda da passagem do ar, como a presença de um corpo estranho, traumas e queimaduras graves.
Outra indicação frequente de traqueostomias, e que se intensificou durante a Pandemia, com os casos graves de COVID-19, são as intubações prolongadas e/ou falhas de intubação. Para minimizar complicações da presença do tubo na traqueia, tais como estenose e pneumonias associadas ao ventilador mecânico, podemos confeccionar uma traqueostomia, também.
Existem casos em que os pacientes precisam permanecer com a traqueostomia durante toda a vida, como aqueles com doenças degenerativas que afetam a musculatura da deglutição e, consequentemente, apresentam risco de engasgos e aspiração de alimentos e saliva.
Em outros casos, a traqueostomia pode ser revertida (ou seja, fechada). É o que ocorre com pacientes após cirurgias e tratamentos oncológicos bem sucedidos de tumores do trato aerodigestivo alto ou mesmo após a recuperação e reabilitação de pacientes com COVID-19.
Nesse caso, a cânula de traqueostomia é reduzida gradativamente para que o estoma possa se fechar. Assim, de forma periódica, ela é substituída até que o paciente não precise mais desse dispositivo e ele é retirado, sendo que o orifício se fecha sozinho na maioria dos casos.
Principais cuidados com a traqueostomia
Existem cinco aspectos básicos que precisam ser observados durante o cuidado com a traqueostomia. São eles: alimentação, atenção com os lábios e a boca, aspiração de secreções, higiene local e treinamento laríngeo. A seguir você confere mais detalhes sobre cada um desses aspectos:
Alimentação
O cuidado com a alimentação é fundamental para evitar que a comida ou líquidos cheguem aos pulmões por um processo conhecido como aspiração. Isso poderia levar a quadros de pneumonia aspirativa.
Portanto, é preciso observar à risca as orientações do médico e do fonoaudiólogo sobre a consistência da dieta e as manobras alimentares necessárias, que serão adequadas de acordo com o quadro de cada paciente. A maioria deles tem dificuldades para se alimentar por causa da cânula, do procedimento em si e/ou da doença de base.
Lábios e boca
Com a realização da traqueostomia, a boca, os lábios e a faringe acabam excluídos do trato respiratório, já que criamos um atalho para a respiração. Porém, eles continuam exigindo cuidados de hidratação e higiene.
A boca precisa ser limpa para evitar o acúmulo de bactérias que, entre outras complicações, causam principalmente problemas oral e dentários. Além disso, os lábios precisam ser hidratados e deve ser feita a aspiração cuidadosa da orofaringe, para eliminar o excesso de secreções.
Secreções
A aspiração das secreções, que citamos no item anterior, é fundamental para que não haja obstrução do fluxo de ar. Logo após a realização do procedimento, é esperado que haja um aumento da quantidade de secreções e até pequenos sangramentos no local por causa de processos inflamatórios naturais.
Os pacientes que conseguem se comunicar podem informar a necessidade de fazer a aspiração. A atenção deve ser redobrada com aqueles que não conseguem fazer essa comunicação ou que estejam inconscientes.
A frequência com que as aspirações são realizadas varia de paciente para paciente. Alguns conseguem tossir e expulsar as secreções por conta própria, por isso, não é preciso fazer a aspiração de forma tão recorrente.
Mas é fundamental manter o processo de comunicação muito bem feito com essas pessoas e monitorar de perto aquelas inconscientes, verificando se há respiração ruidosa, um aumento do pulso ou da frequência respiratória. Esses são sinais de que é necessário retirar as secreções.
Higiene
O cuidado com a traqueostomia deve incluir medidas para prevenir infecções. Isso porque o procedimento em si afeta as defesas naturais do organismo, uma vez que o ar inspirado pelo paciente não é filtrado pelas vibrissas, umidificado e aquecido pela mucosa da cavidade nasal.
Sendo assim, o ar segue de forma direta para os pulmões, podendo levar consigo impurezas e microorganismos. Logo, é fundamental proceder com as aspirações de forma adequada e também utilizar equipamentos muito bem higienizados e esterilizados.
O médico também fará recomendação do período em que a cânula de traqueostomia deverá ser trocada. Seguir essa orientação é fundamental para prevenir infecções porque evita a formação de focos onde os microorganismos podem se proliferar.
Treinamento Laríngeo
Por conta da falta de uso e da ausência de passagem de ar, as pregas vocais e demais estruturas da laringe ficam mais flácidas e podem perder o tônus e funcionalidade. Por este motivo, pacientes conscientes e que terão a traqueostomia removida após algum tempo, devem passar por treinamento recorrente com a Fonoaudiologia para que se retome as funções de proteção de via aérea, respiração e fonação que são inerentes da laringe.
Confira também, nosso vídeo sobre o tema:
Esses são alguns cuidados básicos com a traqueostomia, mas eles não substituem as recomendações feitas pelo médico responsável por cada paciente. Sendo assim, esclareça todas as dúvidas e esteja em contato com seu Cirurgião de Cabeça e Pescoço, para proceder da melhor forma e garantir a saúde do paciente traqueostomizado.