O esvaziamento cervical é um procedimento realizado pelo Cirurgião de Cabeça e Pescoço em casos de tumores malignos que apresentem metástases para os linfonodos cervicais. Também pode ser indicado em casos em que, apesar de não haver metástases identificadas, o risco de elas existirem seja significativo (classicamente, maior que 20%). Durante o procedimento, é feita a retirada de estruturas linfáticas e não linfáticas afetadas pelo câncer.

Grande parte dos tumores primários da região da cabeça e do pescoço tem como característica própria a disseminação através dos vasos linfáticos, com surgimento de metástases para os linfonodos dessas regiões. Nos casos em que há metástases diagnosticadas para os linfonodos do pescoço ou quando o risco de elas surgirem seja significativo, optamos por realizar a retirada das estruturas linfáticas e outras não-linfáticas (como tecido gorduroso, vasos sanguíneos, músculos e etc).
O objetivo principal desse procedimento é remover, além do tumor principal (chamado de primário) as estruturas que possam estar acometidas por células malignas, fazendo com que o tratamento seja mais eficaz e se reduza o risco de recidivas / persistências da doença.
A técnica, portanto, varia de acordo com a necessidade do paciente e as características de cada caso (tipo de tumor, localização, tamanho, fatores de risco envolvidos, etc). Neste artigo apresentaremos algumas variações da realização desse procedimento para que você possa entender o modo como ele é aplicado. Continue lendo!
Antes de explicarmos com mais detalhes as diferentes técnicas para realização do esvaziamento cervical, é importante conhecer a classificação dada aos grupos de linfonodos da região do pescoço.
Eles foram divididos em níveis para facilitar a compreensão e interpretação dos profissionais da área de saúde, incluindo os Cirurgiões de Cabeça e Pescoço. Também determinam quais estruturas deverão ser retiradas durante o procedimento. Veja a seguir essa classificação.
● Nível I: linfonodos submandibulares e submentuais;
● Nível II: linfonodos localizados próximos ao terço superior da veia jugular interna;
● Nível III: linfonodos localizados próximos ao terço médio da veia jugular interna;
● Nível IV: linfonodos próximos ao terço inferior da veia jugular interna;
● Nível V: linfonodos da porção posterior ao músculo esternocleidomastoide e anterior ao músculo trapézio do mesmo lado;
● Nível VI: linfonodos do compartimento anterior ou central do pescoço, compreendidos entre as artérias carótidas comuns de cada lado do pescoço.
O esvaziamento cervical recebe esse nome porque nesse procedimento cirúrgico são retirados os vasos linfáticos, bem como os linfonodos responsáveis por fazer a drenagem dos líquidos da cabeça e do pescoço.
Porém, nem sempre isso é suficiente, e muitas vezes também é necessário fazer a remoção de nervos, glândulas salivares, vasos sanguíneos (artérias e veias), bem como de tecido muscular.
A extensão do procedimento é relacionada a diversos fatores, tais como a agressividade do tumor, a invasão de estruturas locais, o risco de recidiva, os fatores de risco e outros. Quanto à extensão, podemos classificar os esvaziamentos cervicais como:
Nessa técnica de esvaziamento cervical, abordamos os níveis I a V, sendo também ressecados o músculo esternocleidomastoide, a veia jugular interna e o nervo acessório (XI Nervo Craniano).
O procedimento é basicamente o mesmo do esvaziamento cervical radical, no entanto, nessa técnica algumas estruturas podem ser preservadas. É feita a descrição da aplicação do esvaziamento cervical modificado com a preservação, por exemplo, da veia jugular e/ou do nervo acessório.
Quaisquer que sejam os níveis ressecados, quando da retirada de estruturas que não compõe os esvaziamentos cervicais clássicos, damos a ele o nome de ampliado. Nessas situações, podem ser retiradas cartilagens, ossos, pele, glândulas (como a parótida, por exemplo), grupos musculares alheios aos níveis, e etc.
Existem diferentes procedimentos para realização do esvaziamento cervical seletivo ou parcial. Neles, são retirados grupos de linfonodos, bem como estruturas não linfáticas, mas sem seguir essa regra da retirada dos níveis I a V.
Podemos citar, como exemplos, os seguintes tipos de esvaziamento cervical seletivo:
O esvaziamento cervical é um tratamento invasivo, portanto, realizado em ambiente hospitalar com o paciente devidamente preparado, sob anestesia geral e que envolve manipulação de estruturas nobres à vida do paciente. Por esse motivo, é importante que seja realizado por um Cirurgião de Cabeça e Pescoço bem treinado e experiente, evitando complicações e reduzindo os riscos de sequelas. Sempre converse com seu médico e esclareça as dúvidas para entender a técnica que será realizada, seus possíveis riscos e benefícios.