Dr. Arthur Vicentini

Glândulas salivares: Qual sua função e que doenças podem acometê-la?

Atualizado em: 17/08/2023
Tempo de leitura: 5 minutos
As glândulas salivares desempenham uma importante função na saúde bucal e digestão. Elas produzem saliva contendo água, sais minerais e enzimas que auxiliam na umidificação, mastigação e início da digestão. No entanto, certas condições como o Tumor de Warthin e doenças funcionais podem acometer esta região sendo necessário o tratamento cirúrgico.
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No post de hoje, falaremos sobre as estruturas das glândulas salivares, suas funções, a probabilidade de tumores malignos e os principais nervos de interesse durante a cirurgia. Acompanhe! 

Estruturas das Glândulas Salivares 

Quando se trata das glândulas salivares, aborda-se várias estruturas distintas que se encontram nesta região bucal e faríngea. As glândulas salivares menores estão dispersas pelo palato, o teto da boca, na parte interna da bochecha - chamada região jugal - e sob o soalho da boca, ou seja, na parte inferior, além da região posterior da garganta.

Adicionalmente, há os três pares de glândulas salivares maiores. As glândulas parótidas situam-se à frente das orelhas. As glândulas submandibulares encaixam-se logo abaixo do osso principal da face, conhecido como mandíbula. Também, há duas glândulas sublinguais na cavidade oral, situadas sob a língua, como o próprio nome sugere. Essas glândulas desempenham a produção de saliva.

Qual a função da Saliva? 

A saliva, por sua vez, consiste em uma combinação de água, sais minerais e algumas enzimas. Estas enzimas iniciam o processo digestivo ainda na boca, durante a mastigação, essencial para a umidificação adequada, a saliva facilita tanto a mastigação quanto a deglutição. Consequentemente, a saliva necessita conter a proporção adequada de sais minerais, água e enzimas.

Cada glândula tem suas particularidades na produção de saliva. Assim sendo, a composição salivar varia entre a parótida e a submandibular, por exemplo. 

Probabilidade de Tumores

Tais nuances contribuem para o surgimento de diferentes doenças, inclusive malignidades específicas para cada glândula. As glândulas maiores, em geral, apresentam menor probabilidade de tumores malignos. A taxa de malignidade é inferior a 20% nas maiores, sendo a parótida, a maior delas, exemplar nesse cenário. A diminuição no tamanho da glândula está associada a um aumento na probabilidade de um nódulo ser maligno.

As neoplasias benignas das glândulas salivares são predominantemente adenomas pleomórficos, havendo ainda a entidade conhecida como Tumor de Warthin. É válido ressaltar que esses tumores benignos têm características específicas que requerem avaliação detalhada. O adenoma pleomórfico, por exemplo, tem risco de crescimento e transformação em carcinoma ex adenoma, um tumor maligno. Portanto, aspectos como a idade do paciente, localização e características do tumor devem ser considerados ao ponderar a necessidade de intervenção cirúrgica.

Tumor de Warthin  

O Tumor de Warthin apresenta uma associação com bilateralidade, podendo afetar tanto a parótida quanto a contralateral, especialmente em homens e indivíduos que fumam. Caso necessário, é indicado um tratamento cirúrgico.

Vale lembrar que os tratamentos envolvendo essas glândulas são extremamente delicados e devem ser realizados por um especialista bem preparado, com experiência e habilidades cirúrgicas apropriadas. Esse profissional deve ter expertise nesse tipo de cirurgia e não estar desatualizado, uma vez que as glândulas ou áreas circunvizinhas são altamente sensíveis.

Principais Nervos de Interesse Durante a Cirurgia

O nervo facial, responsável pela movimentação dos músculos e expressões faciais, possui várias ramificações que precisam ser consideradas durante um procedimento cirúrgico. A identificação do nervo facial ou de alguns de seus ramos é essencial para afastar essas estruturas e permitir a remoção de um nódulo ou, em alguns casos, de toda a glândula.

A glândula submandibular, por exemplo, é adjacente a três nervos cruciais. Um deles é um ramo do nervo facial, chamado de nervo marginal mandibular, que controla a movimentação do canto da boca. Outro é o nervo hipoglosso, responsável pela movimentação da língua. Além disso, há um terceiro nervo, denominado nervo lingual, que penetra a glândula para uma ramificação chamada nervo secretório. Esses nervos têm papéis distintos e importantes, devendo ser preservados.

Há também o nervo auricular magno, que possui uma importância menor, porém, sempre que possível, gosta-se de preservá-lo. Este nervo começa na região central do pescoço e se estende lateralmente em direção à orelha. Ele é responsável pela sensibilidade de áreas como a região ao redor da orelha. Embora frequentemente seja necessário cortá-lo, sempre que possível, busca-se sua preservação.

Doenças Funcionais relacionadas a essas Glândulas

Doenças funcionais relacionadas às glândulas salivares são numerosas. Um exemplo é a sialoadenite, uma inflamação com sinais infecciosos que, às vezes, surge devido a infecções do ouvido ou de bactérias. Isso é comum ao longo da vida, muitas vezes sem uma causa específica identificável. Também existem doenças obstrutivas.

Nesses casos, a proporção de sais minerais e líquido na saliva, que afeta sua viscosidade, pode resultar em cristalização e formação de cálculos. Essas pedras podem bloquear o canal da glândula salivar, causando retenção de saliva e proporcionando um ambiente propício para proliferação bacteriana, resultando em infecção e inflamação da glândula. Em situações mais graves, o paciente pode necessitar de hospitalização e administração de antibióticos intravenosos para controle.

Síndrome de Sjögren

Há as doenças autoimunes, merecedoras de menção, como a Síndrome de Sjögren. Nessa síndrome, anticorpos são produzidos pelo sistema imunológico para atacar inadequadamente as glândulas produtoras de saliva e lágrimas. Com o tempo, isso leva à formação de pequenos cistos e bolsas de saliva na glândula salivar, resultando em diminuição progressiva na produção de saliva.

As pessoas que sofrem com essas condições frequentemente experimentam uma sensação de boca extremamente seca. Às vezes, relatam uma ardência na língua e em toda a boca, além de dificuldades na mastigação e necessidade de usar saliva artificial. Engolir também pode se tornar um desafio. Esses sintomas tendem a surgir gradualmente ao longo da vida. Geralmente, os reumatologistas tratam essas doenças.

Cada caso precisa ser cuidadosamente avaliado e individualizado para possibilitar um diagnóstico preciso. Em muitos casos, é necessário recorrer à realização de pequenas biópsias com a nossa assistência. Contudo, em algumas situações, o diagnóstico pode ser obtido por meio de métodos alternativos.

Portanto, abordamos uma ampla variedade de doenças relacionadas às glândulas salivares. Se você conhece alguém que esteja lidando com alguma doença dessas glândulas, que apresente alterações na produção de saliva ou que possua nódulos, tumores ou massas, sinta-se à vontade para compartilhar este conteúdo com eles.

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Imagem ilustra uma mulher com a mão na garganta.

Dr. Arthur Vicentini da Costa Luiz

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Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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