Sumário
Uma das doenças que encontramos com certa frequência no consultório de um Cirurgião de Cabeça e Pescoço é o Cisto Tireoglosso. Na maioria dos casos, a apresentação acontece em crianças, mas podem surgir os primeiros sintomas durante a vida adulta.
Como veremos, não há tratamento medicamentoso para este tipo de doença, ou seja, é necessária sua remoção de forma cirúrgica.
No geral, o diagnóstico é simples e envolve tanto o exame físico quanto alguns exames de imagem para confirmação.
Apesar de muitos pais ficarem preocupados com a possibilidade de a criança ter um cisto no pescoço, a intervenção cirúrgica tende a oferecer excelentes resultados.
O que é?
O cisto tireoglosso é uma doença congênita, ou seja, nasce com o indivíduo. Normalmente, ele se manifesta durante a infância, em fase pré-escolar ou escolar, tendo em vista que este é o momento em que o paciente começa a ter uma série de infecções respiratórias (gripes e resfriados, além de outras manifestações de vírus, comuns nessa fase de contato intenso com outras crianças em creches e escolinhas).
A origem deste cisto se dá por conta da formação da própria tireoide. Durante o desenvolvimento do feto dentro do útero materno, a glândula tireoide se forma na região da base da língua, mas especificamente num local conhecido como Forame Cego. Dali, conforme o feto se alonga e cresce, a tireoide “desce” até sua posição final, na região cervical anterior.
Nesse trajeto, algumas células da tireoide podem se implantar e, quando não há o desaparecimento das mesmas, elas podem produzir os mesmos hormônios que a tireoide, ficando acumulados na região cervical e formando, assim, cistos.
A preocupação relacionada ao cisto tireoglosso é que, por motivos diversos, possa haver uma infecção ou inflamação de seu conteúdo, levando a sintomas como vermelhidão, dor, febre e etc.
São raros os casos de malignidade em cistos tireoglosso, acometendo menos de 1% dos diagnósticos.
Como se manifesta o cisto tireoglosso
O cisto tireoglosso, como já vimos, normalmente, é identificado durante a infância. Mas podem ocorrer casos em que a apresentação da doença se dá durante a vida adulta ou até em idosos.
Na maioria dos casos, o primeiro sintoma é o surgimento de um pequeno caroço na região anterior do pescoço, bem na linha média ou próxima a ela.
Quando isso ocorre, os pais costumam levar os filhos ao Pediatra ou ao Cirurgião de Cabeça e Pescoço e este faz uma avaliação: no exame feito no consultório, já pode surgir uma suspeita desse cisto, podendo o diagnóstico ser confirmado com um ultrassom do pescoço.
Felizmente, um ultrassom feito no pescoço é bastante fácil e até as crianças pequenas tendem a fazê-lo sem grandes dificuldades, não sendo necessária sedação, anestesia, contraste e nem uso de radiação.
Em crianças maiores e adultos, o Sinal de Sistrunk (colocar a língua para fora e observar se o cisto se eleva) pode ajudar bastante na suspeita diagnóstica.
Como se trata o cisto tireoglosso
A identificação do Cisto Tireoglosso, geralmente, leva à indicação de sua remoção cirurgicamente. Alguns casos selecionados, a depender de diversos fatores, podem ser acompanhados durante algum tempo.
Se o ultrassom traz a confirmação de que existe um cisto tireoglosso, começamos a preparação do paciente para o procedimento cirúrgico.
Sendo assim, são realizados alguns exames complementares e a cirurgia é programada. Vale ressaltar que o ideal é que a cirurgia seja realizada sem que haja sinais infecciosos ou inflamatórios vigentes, reduzindo-se o risco de lesão de estruturas nobres do pescoço, próximas ao cisto.
O procedimento para remover o cisto tireoglosso deve ser realizado por um Cirurgião de Cabeça e Pescoço com formação adequada e experiência neste tipo de cirurgia, respeitando-se a anatomia infantil aumentando a taxa de sucesso.
A cirurgia inclui a remoção do cisto propriamente dito e todo seu trajeto até a base da língua, passando (e sendo necessária sua remoção) pela parte central do osso hióide.
Os primeiros dias devem ser de repouso relativo, além de indicarmos uma alimentação mais leve e o uso de dreno cervical, para evitar sangramentos locais e hematomas, que podem ser perigosos.
E quando o cisto tireoglosso é maligno?
Infelizmente, algumas crianças (como vimos, em menos de 1% dos casos) podem ter um tumor maligno dentro do cisto tireoglosso e, nesses casos, o acompanhamento oncológico passa a ser indispensável.
No geral, o ultrassom que confirma que existe mesmo o cisto já pode indicar que há a possibilidade de estarmos lidando com uma doença maligna. Durante a sua remoção cirúrgica, o especialista separa uma parte desse cisto para a realização de uma biópsia e, havendo confirmação, indica-se que faça a retirada da própria glândula tireoide.
Reforçamos que a ocorrência de tumor maligno nesse cisto é muito rara e, na esmagadora maioria dos casos, a ressecção cirúrgica do mesmo é curativa, quando aplicada a técnica correta.
Pode acontecer com os adultos?
É incomum que um cisto tireoglosso acometa uma pessoa adulta: no geral, os pais e médicos percebem a saliência no pescoço ainda na infância.
Porém, se o cisto tireoglosso não tiver sido removido antes ou se ele aparecer na fase adulta, o tratamento segue o mesmo racional: a cirurgia.
Não há fatores de risco nem formas de prevenção do cisto tireoglosso, sendo o mesmo uma doença de surgimento espontâneo.
No entanto, nunca é demais reforçar: o ideal é que as gestantes abandonem o consumo de álcool, a utilização de medicamentos não-aprovados pelo obstetra, e o fumo.
Confira também, nosso vídeo sobre o tema:
Em caso de surgimento de nódulos cervicais, principalmente quando associados a outros sintomas ou período prolongado, procure um Cirurgião de Cabeça e Pescoço, faça uma avaliação e tire suas dúvidas!