Dr. Arthur Vicentini

Quando o hiperparatireoidismo é causado pela insuficiência renal?

Atualizado em: 26/02/2024
Tempo de leitura: 4 minutos
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A insuficiência renal crônica pode desencadear quadros de hiperparatireoidismo porque o mau funcionamento dos rins afeta a concentração de fósforo, vitamina D e cálcio no organismo. Assim, as glândulas paratireoides precisam produzir mais hormônio PTH para regular essas substâncias, causando desequilíbrio.

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É provável que você já tenha ouvido falar muitas vezes sobre a glândula tireoide, mas você sabia que junto a ela existem outras quatro glândulas que também têm um papel importante no equilíbrio do organismo? São as glândulas paratireoides. 

Essas glândulas liberam o paratormônio, ou PTH, um hormônio que atua na homeostase do cálcio e do fósforo e que também age sobre os ossos e os rins. Mas aqui existe uma via de mão dupla porque o funcionamento dos rins também pode afetar as glândulas paratireoides. É por isso que, quando eles, os rins, não funcionam corretamente, a pessoa pode desenvolver o hiperparatireoidismo.

Mas por que exatamente esse problema acontece? Continue lendo para aprender um pouco mais sobre o hiperparatireoidismo secundário, aquele provocado pela insuficiência renal.

O que é o hiperparatireoidismo?

O hiperparatireoidismo é uma disfunção que acomete as glândulas paratireoides, comprometendo a sua produção de hormônio. Essas glândulas se tornam hiperativas, ou seja, produzem mais PTH do que o habitual, o que traz uma série de possíveis complicações.

Existem diferentes tipos de hiperparatireoidismo. A principal causa de hiperparatireoidismo secundário é a disfunção renal.

Nessa situação, devido a perdas de cálcio através dos rins (que se encontram com a função prejudicada), há o aumento do PTH produzido, e ocorre uma absorção maior de cálcio no intestino e o tecido ósseo costuma ser outra fonte para obter esse mineral. Assim, a pessoa desenvolve a uma fragilidade óssea, conhecida como osteoporose.

Por que a insuficiência renal provoca esse problema?

A insuficiência renal crônica se caracteriza pela perda progressiva das funções renais. De forma gradativa, os rins deixam de cumprir suas funções e aos poucos param de funcionar. Diversos problemas surgem como consequência, uma delas é o distúrbio mineral e ósseo (DMO).

Essa condição clínica ocorre porque os rins perdem a sua capacidade de filtrar corretamente os sais minerais, fazendo com que ocorra um desbalanço das concentrações deles no sangue. Ao mesmo tempo, ocorre a deficiência de vitamina D. Essa vitamina tem a importante função de possibilitar a absorção de cálcio pelo organismo. Assim, quando não há vitamina D suficiente, o cálcio é menos absorvido e mais eliminado por meio da urina e ocorre uma deficiência dele no organismo.

As glândulas paratireoides “percebem” essa deficiência de cálcio e começam a secretar mais PTH. Isso porque o PTH, como dito, atua na regulação do fósforo e do cálcio no organismo, fazendo com que o intestino absorva o mineral e que ele seja retirado dos ossos para ser disponibilizado no sangue.

Com esse estímulo excessivo das glândulas paratireoides, elas sofrem um aumento de volume e a tendência é de que liberem cada vez mais hormônio.  Assim se desenvolve o quadro de hiperparatireoidismo por causa da insuficiência renal crônica.

Quais são os sintomas do hiperparatireoidismo secundário?

Clinicamente, o hiperparatireoidismo se manifesta pela desmineralização óssea e alterações na homeostase do cálcio. Os sintomas dessas alterações são:

  • dores nos ossos e nas articulações;
  • dor muscular;
  • fraqueza muscular;
  • calcificação de partes moles;
  • deformidades em partes moles;
  • ruptura de tendões.

Associado a esses sintomas, há um risco aumentado de fraturas ósseas e também de problemas cardiovasculares por causa dos processos de calcificação que ocorrem no organismo.

Vale ressaltar que o hiperparatireoidismo em si não é o problema que provoca os sintomas. Na verdade isso acontece devido aos reflexos das alterações dos níveis de cálcio e de fósforo no organismo. A hipercalcemia pode provocar ainda outros sintomas, como:

  • constipação;
  • falta de concentração;
  • perda de apetite;
  • perda de memória;
  • aumento da micção;
  • piora da função renal;
  • confusão mental.

Embora esse problema seja provocado pela insuficiência renal crônica, o aumento dos níveis de cálcio no organismo também são prejudiciais para os próprios rins, podendo favorecer a formação de cálculos renais.

Existe tratamento para o hiperparatireoidismo secundário?

É possível tratar o hiperparatireoidismo por meio da regulação dos níveis de cálcio, fósforo e vitamina D no organismo, o que é feito com a administração de medicamentos e pela própria diálise. Entretanto, se não houver uma redução dos níveis de hormônio, a cirurgia é recomendada. Ela é feita com o intuito de remover uma parte das glândulas paratireóides ou fazer a retirada completa delas, com implante em outra região do corpo.

Não podemos esquecer a importância de tratar a insuficiência renal, como por meio da adequação das sessões de diálise, para que isso contribua com o melhor funcionamento das glândulas paratireoides.

De toda forma, o tratamento do hiperparatireoidismo deve ser realizado de acordo com a fase da doença e as necessidades de cada pessoa e cada caso deve ser avaliado individualmente em conjunto pelo Nefrologista e pelo Cirurgião de Cabeça e Pescoço.

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a imagem ilustra um pescoço e em destaque estão as tireoides

Dr. Arthur Vicentini da Costa Luiz

CRM-SP 154.086
Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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Médico examinando o pescoço de uma paciente em consultório, com ícone do YouTube sobreposto ao centro da imagem.

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