Sumário
A insuficiência renal crônica pode desencadear quadros de hiperparatireoidismo porque o mau funcionamento dos rins afeta a concentração de fósforo, vitamina D e cálcio no organismo. Assim, as glândulas paratireoides precisam produzir mais hormônio PTH para regular essas substâncias, causando desequilíbrio.
É provável que você já tenha ouvido falar muitas vezes sobre a glândula tireoide, mas você sabia que junto a ela existem outras quatro glândulas que também têm um papel importante no equilíbrio do organismo? São as glândulas paratireoides.
Essas glândulas liberam o paratormônio, ou PTH, um hormônio que atua na homeostase do cálcio e do fósforo e que também age sobre os ossos e os rins. Mas aqui existe uma via de mão dupla porque o funcionamento dos rins também pode afetar as glândulas paratireoides. É por isso que, quando eles, os rins, não funcionam corretamente, a pessoa pode desenvolver o hiperparatireoidismo.
Mas por que exatamente esse problema acontece? Continue lendo para aprender um pouco mais sobre o hiperparatireoidismo secundário, aquele provocado pela insuficiência renal.
O que é o hiperparatireoidismo?
O hiperparatireoidismo é uma disfunção que acomete as glândulas paratireoides, comprometendo a sua produção de hormônio. Essas glândulas se tornam hiperativas, ou seja, produzem mais PTH do que o habitual, o que traz uma série de possíveis complicações.
Existem diferentes tipos de hiperparatireoidismo. A principal causa de hiperparatireoidismo secundário é a disfunção renal.
Nessa situação, devido a perdas de cálcio através dos rins (que se encontram com a função prejudicada), há o aumento do PTH produzido, e ocorre uma absorção maior de cálcio no intestino e o tecido ósseo costuma ser outra fonte para obter esse mineral. Assim, a pessoa desenvolve a uma fragilidade óssea, conhecida como osteoporose.
Por que a insuficiência renal provoca esse problema?
A insuficiência renal crônica se caracteriza pela perda progressiva das funções renais. De forma gradativa, os rins deixam de cumprir suas funções e aos poucos param de funcionar. Diversos problemas surgem como consequência, uma delas é o distúrbio mineral e ósseo (DMO).
Essa condição clínica ocorre porque os rins perdem a sua capacidade de filtrar corretamente os sais minerais, fazendo com que ocorra um desbalanço das concentrações deles no sangue. Ao mesmo tempo, ocorre a deficiência de vitamina D. Essa vitamina tem a importante função de possibilitar a absorção de cálcio pelo organismo. Assim, quando não há vitamina D suficiente, o cálcio é menos absorvido e mais eliminado por meio da urina e ocorre uma deficiência dele no organismo.
As glândulas paratireoides “percebem” essa deficiência de cálcio e começam a secretar mais PTH. Isso porque o PTH, como dito, atua na regulação do fósforo e do cálcio no organismo, fazendo com que o intestino absorva o mineral e que ele seja retirado dos ossos para ser disponibilizado no sangue.
Com esse estímulo excessivo das glândulas paratireoides, elas sofrem um aumento de volume e a tendência é de que liberem cada vez mais hormônio. Assim se desenvolve o quadro de hiperparatireoidismo por causa da insuficiência renal crônica.
Quais são os sintomas do hiperparatireoidismo secundário?
Clinicamente, o hiperparatireoidismo se manifesta pela desmineralização óssea e alterações na homeostase do cálcio. Os sintomas dessas alterações são:
- dores nos ossos e nas articulações;
- dor muscular;
- fraqueza muscular;
- calcificação de partes moles;
- deformidades em partes moles;
- ruptura de tendões.
Associado a esses sintomas, há um risco aumentado de fraturas ósseas e também de problemas cardiovasculares por causa dos processos de calcificação que ocorrem no organismo.
Vale ressaltar que o hiperparatireoidismo em si não é o problema que provoca os sintomas. Na verdade isso acontece devido aos reflexos das alterações dos níveis de cálcio e de fósforo no organismo. A hipercalcemia pode provocar ainda outros sintomas, como:
- constipação;
- falta de concentração;
- perda de apetite;
- perda de memória;
- aumento da micção;
- piora da função renal;
- confusão mental.
Embora esse problema seja provocado pela insuficiência renal crônica, o aumento dos níveis de cálcio no organismo também são prejudiciais para os próprios rins, podendo favorecer a formação de cálculos renais.
Existe tratamento para o hiperparatireoidismo secundário?
É possível tratar o hiperparatireoidismo por meio da regulação dos níveis de cálcio, fósforo e vitamina D no organismo, o que é feito com a administração de medicamentos e pela própria diálise. Entretanto, se não houver uma redução dos níveis de hormônio, a cirurgia é recomendada. Ela é feita com o intuito de remover uma parte das glândulas paratireóides ou fazer a retirada completa delas, com implante em outra região do corpo.
Não podemos esquecer a importância de tratar a insuficiência renal, como por meio da adequação das sessões de diálise, para que isso contribua com o melhor funcionamento das glândulas paratireoides.
De toda forma, o tratamento do hiperparatireoidismo deve ser realizado de acordo com a fase da doença e as necessidades de cada pessoa e cada caso deve ser avaliado individualmente em conjunto pelo Nefrologista e pelo Cirurgião de Cabeça e Pescoço.