Dr. Arthur Vicentini

Traqueostomia: quais são os cuidados pós-operatórios?

Atualizado em: 16/11/2021
Tempo de leitura: 5 minutos
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A Imagem Mostra O Pescoço De Uma Pessoa Com Traqueostomia.
Traqueostomia: Quais São Os Cuidados Pós-Operatórios?

Traqueostomia é o nome da técnica que consiste em fazer um estoma, ou seja, uma pequena abertura na traqueia, com comunicação para o pescoço, com intuito de possibilitar a respiração de pacientes que apresentam algum impedimento ao fluxo normal do ar entre os pulmões e as vias aéreas superiores. Em alguns casos é uma medida temporária, mas algumas pessoas precisam permanecer com a traqueostomia por toda a vida.

Pacientes com determinados tumores das vias aéreas superiores (p. ex. tumores obstrutivos de faringe e laringe), tendo ou não passado por cirurgias da região da Cabeça e Pescoço, bem como aqueles que permanecem em intubação orotraqueal (para ventilação mecânica) prolongada, pessoas com malformações das vias respiratórias, além de situações de obstrução aguda por emergências (trauma, corpo estranho, queimaduras graves) podem precisar realizar uma traqueostomia.

Por ser muito importante para preservar o fluxo de ar entre o ambiente e os pulmões, possibilitando as trocas gasosas essenciais ao organismo, a traqueostomia requer alguns cuidados que se iniciam logo no pós-operatório e continuam enquanto o estoma se mantiver aberto. Neste artigo explicaremos quais são os principais cuidados para garantir qualidade de vida para o paciente traqueostomizado. Acompanhe!

Cuidados pós-operatórios da traqueostomia

O paciente traqueostomizado requer diversos cuidados de enfermagem para que a sua saúde seja mantida e não haja complicações orgânicas ou no local operado. Apesar de importante, esse procedimento também facilita a entrada de microorganismos nas vias respiratórias, favorecendo infecções. Daí a importância dos cuidados minuciosos.

Logo no primeiro momento existe tendência para o paciente se sentir ansioso ou apreensivo, afinal, haverá restrições de comunicação e ele pode ter medo de ficar asfixiado. Sendo assim, imediatamente após a realização do procedimento é preciso manter uma vigilância constante e seguir com os procedimentos que listamos a seguir.

Aspiração de secreções

Logo após a realização da traqueostomia, é esperado que haja um processo inflamatório local pelo procedimento e pela doença de base, fazendo com que aumente a quantidade de secreção.

Por esse motivo, é importante que seja feita a aspiração adequada e periódica das secreções nesse início, para evitar que a mesma se acumule e perpetue a situação, podendo até levar a obstruções do fluxo aéreo.

A atenção deve ser redobrada com os pacientes que não estão conscientes ou não conseguem se comunicar de forma adequada. Nesse caso, sinais como respiração ruidosa, aumento da frequência respiratória e do pulso podem indicar necessidade de fazer a aspiração.

Os demais pacientes podem sinalizar para o enfermeiro/cuidador, avisando que é preciso aspirar o local. Além disso, existem alguns que conseguem tossir e, por isso, expulsam essas secreções, não havendo necessidade de fazer aspirações tão constantes.

Prevenção de infecções

Conforme explicamos, a traqueostomia também aumenta o risco de infecções, por reduzir as defesas naturais do organismo. Normalmente, o ar que respiramos entra pelo nariz, onde é filtrado pelas vibrissas e na cavidade nasal, além de ser aquecido e umedecido. Com a traqueostomia, esse trajeto se perde, dando acesso mais direto do ar com impurezas e microorganismos aos pulmões. Então, alguns cuidados pós-operatórios devem ser adotados para minimizá-los. Um deles já abordamos: a realização da aspiração de secreções conforme a necessidade.

Outra precaução é sempre utilizar equipamentos em boa condição de higiene e esterilização quando da manipulação da traqueostomia pelo cuidador e/ou pelo próprio paciente.

A troca da cânula de traqueostomia em períodos regulares e conforme orientação médica também é essencial para evitar formação de focos de origem de infecção respiratória.

Manter a oxigenação e ventilação do paciente

Também é indispensável que o paciente traqueostomizado receba ventilação e oxigênio adequadamente. Para isso, devemos vigiar a sua frequência respiratória, bem como a expansão do tórax, que precisam ser simétricas. Quando o paciente está inconsciente, a cada duas ou 3 horas ele deve ser reposicionado e outras manobras respiratórias (em geral, feitas por profissionais de Fisioterapia / Fonoaudiologia) devem ser realizadas.

Atenção com os lábios e a cavidade oral

Como a traqueostomia é uma espécie de atalho, é preciso ter cuidado também com a boca, os lábios e a faringe do paciente que, apesar de ficarem excluídas do trato respiratório, merecem cuidados. A orofaringe também precisa de uma aspiração cuidadosa, que deve ser realizada apenas quando necessário.

É importante fazer a limpeza da cavidade oral, assim como a hidratação dos lábios ocorra periodicamente. Em crises de tosse também é preciso verificar se não houve um acúmulo de secreções.

Cuidados com alimentação

Pacientes submetidos a traqueostomia apresentam, em grande parte das vezes, dificuldades de alimentação, seja pela doença de base, pelo procedimento em si ou pela presença da cânula de traqueostomia. Por esse motivo, é essencial seguir as orientações do seu médico e do fonoaudiólogo quanto à ingesta alimentar, consistência da dieta, manobras alimentares e outros cuidados, evitando que comida e líquidos cheguem aos pulmões e levem a quadros de pneumonia aspirativa.

Manter a comunicação

A traqueostomia dificulta a fala e, como dito, esse é um dos motivos para os pacientes ficarem apreensivos. Entretanto, quando estão conscientes, existem outras maneiras de promover a comunicação com eles e isso deve ser incentivado.

A comunicação pode ser realizada utilizando aparelhos eletrônicos, como um tablet ou computador. E ainda pode ser adotado um método mais simples, com papel e caneta. Na hora de fazer perguntas, o ideal é que elas sejam diretas e possam ser respondidas com sim ou não, possibilitando ao paciente apenas acenar.

Para pacientes laringectomizados, alternativas de fala com a laringe eletrônica, voz esofágica e válvula fonatória são de grande valia.

As interações sociais devem ser incentivadas, com inclusão do paciente traqueostomizado nos ambientes cotidianos, para que este não se isole do mundo.

Confira também, nosso vídeo sobre o tema:

Os objetivos dos cuidados pós-operatórios da traqueostomia são manter a boa respiração do paciente, trazer mais conforto para ele e evitar possíveis complicações. Essas medidas são fundamentais para que ela traga apenas benefícios e que esse período com o estoma seja mais tranquilo.

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Dr. Arthur Vicentini da Costa Luiz

CRM-SP 154.086
Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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